sexta-feira, 3 de julho de 2009

Falando de Caetano e o Minc

Ponderemos....

 

No passado as elites consideravam detentora de validade cultural somente a erudição européia hermeticamente formatada.

Sábios novos ventos tangidos pela modernidade demonstraram que toda forma cultural era valida, os sapientes arautos da antropofagia nos disseram que estávamos livres para bebermos em todas as fontes culturais... ou seja, poderíamos viver um paraíso tropicalista perfeito onde toda a manifestação cultural era valida.... e assim o foi... por certo tempo um paraíso conquistado por pensadores que combateram , para ser construído, até certos ditames ditatoriais perversos... a ditadura passou e os valorosos guerreiros da igualdade cultural venceram... a reboque destes valorosos guerreiros  agora surgem vozes neo-reacionárias vindo nos dizer que arte é valida somente se a serviço do que chamam de "valores sociais validos"...

Vozes estas que querem dividir a cultura em patamares econômicos, falam de situações que deveriam ser tratados nos âmbitos do assistencialismo social e não no âmbito da arte e da cultura.

 

Mas minha mente me remete a certo tempo passado , quando um bando de artistas ajudaram um ideal revolucionário, eles eram pintores e poetas com nomes estranhos como Maiacowisk ou artistas suplematistas... Recordo-me de como foram tratados, chamados de divulgadores de uma arte decadente e burguesa...perseguidos... proibidos de criarem... proibidos de usarem as verbas do estado que estava na mão de um politiburgo que elegia como valida somente a vertente do realismo social (leia-se arte de propaganda ate mesmo mentirosa e culto da imagem de um líder carniceiro).

 

Lembro de artistas como Caetano, obrigados a se exilarem no exterior por terem sido perseguidos pela ditadura... Recordo-me de sua tradição artística ao criarem o tropicalismo... como labutaram para crescerem e obterem o sucesso... como estão agora amargando a baixa de seus rendimentos com as mudanças tecnológicas... como vêem nas grandes cidades o publico minguar com medo da violência e com a competição com as novas formas de entretenimento como TV a cabo, dvds, internet, etc... como os custos de seus shows ficaram elevados... como a maior parte de suas bilheterias vai para as dezenas de produtores e técnicos envolvidos na efetivação de seus espetáculos... Mas mesmo diante deste quadro fazem arte, fazem a cultura de nosso país...Mas vozes surgem dizendo que tais artistas deveriam é estar não fazendo arte e sim o trabalho para o qual centenas de ongs e assistentes sociais e as mais diversas verbas recebidas por políticos deveriam fazer mas tem muitas vezes outra destinação...

 

Sejamos bem vindos a este triste novo mundo... onde a cultura, a arte e os artistas pra atenderem os discursos padrões populistas têm que deixar de ser feita para se engajar com o assistencialismo social... onde bravatas de alegadas democratizações geográficas são levantadas esquecendo-se que a densidade populacional e mesmo de artistas e aparelhos culturais não obedecer a proporcionalidades geográficas padronizadas.

 

de Wellington R Costa

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